domingo, 28 de outubro de 2012

Nossos sonhos não cabem nas urnas.

  Mais um ano de eleição, vejo pessoas cheias de esperança, principalmente os oposicionistas que esperam virar a mesa e conseguir seu lugar na estrutura burocrática do Estado para fazerem A MUDANÇA, de forma engraçada dizem tentar a alteração SEGURA, ou seja, não há proposta diferente. Evidentemente, vejo os desesperançosos com a política feita hoje e se resumem a dizer que é tudo a mesma coisa, enfim, dizem que tanto faz votar no 13 ou no 45, o que de fato, não está errado, pois os projetos não são qualitativamente diferentes e não trazem rupturas com os grandes problemas sociais (fome, saúde, transporte, segurança, educação e o capitalismo para resumir).
  É claro que não podemos esperar as condições para mudar radicalmente a sociedade, pois elas podem demorar e não estão no horizonte a curto prazo, por isso, não adianta se "entregar" e deixar a política de lado, até porque não há como fazer isso, nossa vida é política todos os dias, mesmo você não querendo. Se ausentar do espaço político é deixar que decidam sua vida sem você, então, não basta comparecer nas urnas e pensar que tudo está feito, precisamos cobrar todos os dias, agir quando insatisfeitos com o que é realizado, sei que não é fácil, trabalhamos, estudamos, etc, e não nos resta tempo, mas precisamos encontrá-lo, faz parte do desafio.
  Enfim, confesso que não estou motivado a escrever nos últimos tempos, por isso terminarei com o que escrevi impulsivamente, logo após ter descoberto o resultado das eleições onde moro e ver alguns comentários de petistas insatisfeitos com sua derrota:
 "O Feudo Barros continua sob controle e suas ovelhas obedientes, conservadoras como o seu pastor gosta. Viva Maringá!
Mas eleger o PT não significaria nenhuma mudança considerável, só mudaríamos o patrão que distribui dinheiro para suas empresas favoritas. É engraçado ver as declarações dos petistas inconformados, como se seu projeto fosse radicalmente contrário ao que está posto e vai continuar po
r pelo menos quatro anos. As filas nos postos de saúde continuariam, a passagem do transporte continuaria um absurdo, as ruas da classe média continuariam asfaltadas e os bairros largados, não se iludam com a 'mudança segura', não se trata de eleger o menos ruim.
Nunca é exagero lembrar que nossos sonhos não cabem nas suas urnas, enquanto a população esperar dois anos para achar que vai mudar tudo nas eleições, nada mudará".
  

domingo, 16 de setembro de 2012

Considerações sobre o filme: Entre os Muros da Escola


Fiz este texto para a disciplina de Didática depois de assistir o filme. Recomendo o filme, aliás.
Uma realidade escolar difícil não parece ser exclusividade do Brasil, principalmente quando se trata de escola pública, embora o discurso vigente seja o de valorização da educação por sua capacidade transformadora da sociedade.
Entre os Muros da Escola apresenta uma realidade que pode parecer estranha a muitos, geralmente, os países desenvolvidos não são apresentados por seus problemas internos, mas apenas por seus avanços, a desgraça nos parece como exclusividade dos países pobres e periféricos.
Filmes não podem ser encarados como a própria realidade, mas sim, uma representação da mesma. Levando isso em consideração, Entre os Muros da Escola nos apresenta quem constitui a escola pública da periferia em um grande centro, são os pobres e imigrantes que tentam construir suas vidas na França, principalmente aqueles estrangeiros de origem africana.
Embora o aspecto multicultural que compõe a escola seja um prato cheio para se discutir através do que foi apresentado no filme, me concentrarei neste pequeno texto sobre outras especificidades, como a autoridade do professor e os limites da punição.
Quem tem mais força e maior autoridade dentro do colégio, em qualquer instância do ensino, é o professor, geralmente ele decide como as coisas serão feitas, coloca regras, impõe limites e é dele o discurso do vencedor sobre o que ocorre dentro de uma sala de aula. Realmente, nos marcos de hoje, cabe pouco ao aluno o que fazer, além, é claro, do medo de perseguição do professor contra qualquer reclamação, são poucos que têm a ousadia de questionar a autoridade professoral, mesmo quando o fazem, sempre vem a pergunta: o que você fez para o professor reagir assim? Embora o aluno tenha direitos, o próprio acesso para que tenha conhecimento não lhe é apresentado.
Outro problema que uma instituição escolar pode enfrentar é o da bagunça, desentendimentos e outros tipos de questões que até extrapolam os limites do colégio. Quando alguém infringe uma regra vem a punição, conforme a reincidência outras medidas são tomadas, dependendo da gravidade da infração o aluno pode até ser expulso. Até onde a punição surte enfeito positivo? Até onde ela é o melhor caminho? Ela realmente resolve as querelas mais diversas que podem existir no espaço escolar? Se a punição não resolve, o que fazer? A premiação poderia ser um caminho para aqueles que “seguem na linha” e aí criando um exemplo para os “infratores”, seria interessante criar a classe dos premiados e a dos não premiados?
Essas são algumas questões e inquietações que o filme me trouxe para a reflexão, qual seria o melhor modelo para a educação e seus problemas? Parece-me que as atuais circunstâncias não são as mais favoráveis e interessantes, precisamos repensar a escola.

As surpresas de uma corrida

  Mais um domingo quente em Maringá, não dá vontade de fazer muita coisa (não que não tenha uma pilha de livros e trabalhos a fazer, aliás, nos últimos três anos sempre há o que fazer quando se trata de estudo), mais um dia entediante pela frente, mas havia um plano para o fim de tarde: correr!
  Me parece inexplicável a sensação de felicidade proporcionada pelo esporte, ao final da atividade você fica ofegante mas rindo à toa, sensacional, o riso sai fácil e seu corpo é inundado por uma boa sensação que lhe acompanha por algum tempo.
  Na maioria das vezes, o trajeto da corrida ou ela em si não apresentam nada de muito diferente, de certa forma, ela entra em uma rotina também, embora não tenha conseguido manter a regularidade como outrora. Mas em alguns dias, coisas inesperadas acontecem, você enxerga uma cena interessante, encontra algum conhecido, é testemunha de algum acidente, toma um banho de chuva, enfim, correr na rua pode lhe proporcionar momentos marcantes. 
  Hoje foi um dia de corrida surpreendente, comecei meu trajeto mais frequente no Bosque Dois, o que tem mais subidas, depois de correr uns dois quilômetros(não sei ao certo, sou péssimo em citar altura ou distâncias no chute, só sei que já havia corrido uma relativa boa distância), então fui ultrapassado por uma guria, até aí nada de estranho. A guria me ultrapassou em alta velocidade, fazia tempo que não via alguém correr tanto.
  Logo adiante eu me surpreendi, ultrapassei a guria que havia me ultrapassado(está claro?), pouco tempo depois ela me ultrapassou novamente, ela não saiu da vista, um pequeno lapso de tempo depois eu a ultrapassei e até tirei uma relativa distância, um tempo se passou e ela me ultrapassou de novo, dali para frente não fui mais capaz de alcançá-la, mas a mantive ao alcance da visão até o fim. O que há de surpreendente nisso? Acabei, possivelmente, correndo mais do que correria sozinho, até porque faz tempo que não coloco uma regularidade nos meus exercícios como um ano atrás e acabo fazendo um trote leve na maioria das vezes, mas prazeroso do mesmo modo. Eu diria que me motivei e corri mais rápido pela competição boba de hoje e por isso me surpreendi, sem contar que foi divertido, me serviu para ter certeza que meu preparo físico deixa a desejar no momento e que não competíamos em condições iguais, pois ela me parecia muito bem e "ganhou" por boa distância. Às vezes, uma competição esportiva, sem querer e inesperada, pode ser interessante.  

domingo, 2 de setembro de 2012

Ler e escrever

  Faz bastante tempo que comecei a me interessar por leitura. Algo marcante para mim e que me recordo como minha iniciação no mundo da leitura ocorreu na segunda série, em função da professora que nos incentivava a ler, daquela época, lembro dos livros da Ruth Rocha e de como a professora adorava esta autora, sem contar as histórias que trazia para a sala de aula.
  Caso eu não esteja esquecendo de alguma coisa, depois de ter minha "iniciação" com os livros da Ruth Rocha, logo passei para os livros didáticos, afinal de contas eram os que estavam mais próximos para a leitura na escola. Aliás, me interessei mais pelos livros didáticos de história e geografia, mas não abandonei a literatura, foram coisas que caminharam lado a lado.
  Quando me mudei para Santa Catarina, o acesso ao livro ficou mais fácil, tive mais contato com a biblioteca pública do município, no início, procurava o local para fazer pesquisas referentes às aulas e aos poucos fui pegando outros tipos de leituras com maior frequência.
   No ano de 2009 comecei a estudar para o vestibular, o foco foi o material para a prova, daquele ano em diante abandonei a literatura e fiquei restrito aos livros que continham conteúdo que seria cobrado no exame. Depois acabei passando no vestibular, desde então o foco tem sido o conteúdo do curso, acabei retomando as leituras de literatura apenas para fazer trabalhos ou estudar algo relacionado às disciplinas. 
  O hábito de escrever por querer e não por obrigação escolar veio só mais tarde, isso ocorreu lá por 2009, embora tenha começado pela necessidade de praticar a escrita para a redação do vestibular, o importante é que a prova passou mas o costume ficou. A princípio, escrevia em folhas e as guardava, mas isto fazia sentido apenas para mim, visto que ninguém lia, não havia uma troca. Finalmente criei o blog e tornei públicos os meus textos, mesmo assim, não posto todos e escrevo aqui só quando dá vontade ou lembro, os que não posto são textos para estudo próprio, além das ideias que surgem para textos, mas acabo não escrevendo por vários motivos(às vezes não anoto a ideia e acabo esquecendo).
  Escrevo hoje por prazer, é quase uma terapia ocupacional, ajuda a distrair, organizar ideias, refletir, me comunicar melhor, se tornou algo maior que uma obrigação, faz parte da minha vida, independentemente do que venha a fazer no futuro, não me imagino mais sem o hábito da escrita.
  Considero a passagem da professora Lucinda, durante a segunda série, pela minha vida como algo fundamental para tudo isso, a partir dali veio todo o resto, por este incentivo ela ficará para sempre em minha memória, mesmo não tendo mais contato com ela,  foi alguém importante que impactou diretamente minha trajetória. Obviamente que mais tarde isso poderia ocorrer de outra maneira, mas é o que tenho marcado desde então.
  Sei que hoje as condições para quem trabalha com educação não estão fáceis, nas mais diversas camadas,  desde o ensino básico até a graduação, salários defasados, condições de trabalho ruins e todas as especificidades de cada área, educação é prioridade na teoria, na prática fica para segundo ou terceiro plano para os governos.
  O trabalho do professor continua sendo fundamental para alterar os rumos de muitas vidas, que a sociedade abra os olhos e cobre por mais investimento na educação, para que mais vidas sejam alteradas para melhor, todos precisam lutar por uma educação pública, gratuita e de qualidade, com a valorização dos professores e demais profissionais da área que fazem tudo acontecer, embora não possa se restringir a isso o investimento em educação, há necessidade de toda uma estrutura que pode ser tema de outro texto. 

O inferno deve ser legal

  Não professo uma fé, não baseio minhas ações numa preocupação entre ir para o inferno ou ir para o céu, se estou agradando alguma divindade ou me aproximando de uma parte perigosa da espiritualidade que muitos acreditam.
  Apesar do que mencionei acima, vivo em uma realidade religiosa, estou cercado de cristãos que acreditam em um deus, anjos e santos, que representam a parte boa da história; pessoas que acreditam em um diabo e o inferno, que seriam o lado mau de tudo que há no mundo. Por conta disso, vira e mexe estou imaginando como seria o céu e o inferno, como mencionei, fico imaginando, nunca li a bíblia para ter uma compreensão exata de como os religiosos veem isso.
  Mas penso, no senso comum do qual faço parte, o céu é o paraíso, pessoas boas estão lá, o que não quer dizer que sejam legais, sujeitos que praticaram boas ações durante suas vidas, ou seja, em linhas gerais, ajudaram os outros sem interesses, fizeram sexo só depois do casamento, não caluniaram os outros, não fizeram fofoca, enfim, uma enormidade de boas condutas, uma vida reta. Se bem que no caso católico existe a confissão para remissão dos pecados.
  Já no inferno, estão pessoas más, que mataram, roubaram, se suicidaram, curtiram a vida de forma irresponsável, fizeram sexo antes do casamento(se é que se casaram algum dia), enfim, cometeram desde grandes atrocidades até pequenas irresponsabilidades. Na realidade, tirando os casos extremos, boa parte das almas que se encontram neste campo aproveitaram a vida, claro que podemos julgá-las se sua felicidade não era artificial ou outro ponto de vista moral.
  Posto tudo isso, penso que o céu deve ser um porre de desagradável, pessoas recatadas deveriam estar lá, as que seguiram os bons costumes e seguiram suas vidas medíocres, evidentemente sempre há a exceção. Enquanto isso, no inferno, que deve ser quente pra chuchu e um pouco sofrido, encontramos pessoas divertidíssimas, que fizeram orgias, estavam pouco ligando para regras morais vigentes, que se mataram ou eram ateus, mas que foram gênios na terra. Fico imaginando como seria legal conversar com Marx no inferno, ouvir o Kurt, a Amy, acho que já deu para entender onde quero chegar.
  Lembrando que este texto não segue uma lógica ancorada no real, apenas um exercício de imaginação, muito menos consultei os livros sagrados cristãos para saber o que dizem a respeito, também não era essa a minha intenção, só queria devanear um pouco. Na verdade, este texto dever ser um dos piores que já escrevi, fui pouco esclarecedor na construção dos pontos, mas também não estava nem aí. Algo para se considerar e rir, imagine isso!



Mais uma madrugada

  O relógio marca exatamente três horas, cinquenta minutos e cinco segundos da manhã, mais uma madrugada que se passa em claro, não posso dizer que o sono não veio, porque até que ele tentou me convencer a ir para a cama, mas minha consciência não quis, deliberadamente ela preferiu ficar alerta e pensando mais uma vez sobre tudo que me trouxe até aqui, tudo isso depois de mais um dia frustrante. Caro leitor, se você está feliz, sugiro que não termine de ler este texto, vá fazer outra coisa, sei lá, vai jogar xadrez ou ouvir uma música, há coisas melhores para se fazer, trata-se aqui de um pessimista.
  Me considero um pessimista, vejo tudo pelo lado mais negativo, vivo pensando no que pode dar errado e vai dar errado, dificilmente me coloco para cima, tendo a me levar para baixo. Mas, apesar disso, sei que no fundo sou um otimista, me permitirei a contradição, pois quem é comunista, jamais será um tremendo pessimista. Por favor, sem aquele papinho de que falta deus no coração, no meu caso, claramente é isso, uma vez que sou ateu, mas nem por isso saio matando, roubando, xingando, sendo mal educado. Preferência religiosa não define caráter.
  Certas coisas não conseguimos explicar, meu estado de amargura, desânimo e tristeza vem desde pequeno, desde que tenho memória ou consciência do que faço não me lembro de ter muitos dias felizes, minha instabilidade não é de hoje, minha ansiedade não é de agora, vêm de tempos distantes, não me recordo do "trauma"(se é que ele existiu) que desencadeou tudo isso. Percebem por que não fico falando disso o tempo todo, cansa, não é? Mas também acho chato demais essa coisa de ter que parecer feliz o tempo todo, isso também cansa. Só espero poder rir quando quero e chorar quando desejo.
  Por muito tempo adorei a solidão, ainda gosto bastante dela, trata-se de algo muito útil, ficar rodeado de gente o tempo todo é uma porcaria. Mas ela, a solidão, tem me incomodado. Com raras exceções, fico pouco à vontade para convidar alguém para fazer algo, sinto que não tenho intimidade o suficiente, dificilmente sei quando é um bom momento, há uma dificuldade em decifrar certos aspectos da convivência, acho que me falta um certo tato social. No fim, gosto dos programas mais monótonos, ficar conversando já é uma grande coisa, sempre descubro ou percebo algo interessante, parece impossível qualquer conversa não levar a nada, mesmo que seja um motivo para riso. Faz tempo que não fico sentado numa calçada jogando conversa fora, sem tempo ou preocupação para acabar, pensar nisso me leva a ter inveja de crianças que se divertem sozinhas com qualquer coisa e lembrar de velhos amigos da infância e adolescência.
  Devo desculpas a um monte de gente, pessoas que gostam de mim, mas que acabo tratando mal em momentos de loucura ou inconstância, provavelmente nunca lhes pedirei perdão, não sei se é por falta de vergonha na cara, mas também é algo difícil, às vezes nem consigo pedir um pão na padaria, embora esse lado tenha melhorado, também me surpreendo quando falo algumas coisas, mesmo sem jeito e de forma embaraçosa em algumas situações.
  Também percebo que tenho ficado cada vez mais chato, mas talvez isso passe, espero, senão as coisas ficarão mais desanimadoras. 
  Não sou de contar histórias felizes, a minha mesmo é um exemplo, as dramáticas me encantam mais, talvez seja identificação, mas reconheço que tenho tudo para melhorar, falta entender de onde vem tamanho desconforto, de onde brotam sentimentos confusos de forma tão constante, estou obstinadamente em busca de respostas, mas ainda não foram encontradas, tendo a pensar que nunca serão e essa possibilidade é maior, embora no fundo, mas lá no fundo mesmo, guarde a esperança de que haverá uma luz no fim do túnel, caso contrário já teria acabado com esta palhaçada toda. Mesmo assim vou vivendo. 

sábado, 11 de agosto de 2012

PELA PALESTINA LIVRE!

Um tiro
Um inocente
Uma morte
Agora, multiplique aos milhares


Mais uma mãe que chora
Mais um pai que enterra
Mais um filho que morre
Mais uma guerra apoiada e financiada


Corações despedaçados
Casas em chamas
Ninguém veio para ajudar
A ilusão está armada
Esconde-se tudo que se passa

Ocupação
Colonização
Higienização
Ideologia
Racismo
Sionismo

Existe um povo desalojado em sua própria terra
Não há direito
Apenas preconceito
Eis a nova separação

Trata-se de mais uma luta
Pela liberdade, pela igualdade
Luta por autonomia
Luta por um Estado!

O mundo precisa apoiar
A humanidade tem de almejar
Temos de pressionar

Pela terra ao seu povo
Pelo Estado a quem é de direito
Por uma nação que precisa de paz

PELA PALESTINA LIVRE!


Assista para entender melhor do que se trata: http://www.youtube.com/watch?v=oqPpk9sauNk



sábado, 4 de agosto de 2012

Caminhada

  Ele saiu caminhando, não havia nada específico em mente, apenas não havia nada para fazer, só o desejo incontrolável de sair dali. Acendeu seu cigarro, a fumaça saia pela boca, os pensamentos iam e vinham, tantas divagações. Nada como a caminhada  que espairece!
  Não havia música no local, triste constatação, mas no entanto a mente reproduzia algo, não tinha muitos versos decorados, a maioria se confundia em meio a tantas canções, de tantos estilos, mas em comum as letras que falavam de amor, possivelmente o tema mais trabalhado pelos poetas de plantão que transformam poesia em som. Aliás, amor nunca foi seu forte, o azar lhe acompanha certo como uma manhã gelada no inverno, nada sabe o que pensar a respeito, talvez seja um chato, talvez lhe falte maior contato social e desenvoltura para falar, ele nunca chegou a uma conclusão, pobre infeliz.
  Repentinamente para de pensar no amor, começa a refletir sobre a realidade, mais especificamente aquilo que o cerca e as seus camaradas, alguns libertários mal conhecem a realidade, não percebem seu autoritarismo na busca pela liberdade, mas também identifica vários erros nas percepções daqueles que lhes são mais próximos, pensa que também está longe da verdade, embora ela possa ser disputada, mas não gosta de cair no relativismo que a tudo permite, até a maior das barbaridades, afinal, neste prisma tudo é aceitável e mal argumentado, mesmo disfarçado.
  Cessa um pensamento mais elaborado, volta a lembrar de mais uma canção, daquelas que trazem uma boa sensação, daquelas que caem no clichê de não haver palavras para explicar o que se sente, se sabe apenas que é muito bom, mas na frente de uma psicóloga todos se veem forçados a exprimir tudo aquilo que sentem em palavras, frases, parágrafos e textos completos com início, meio e fim.
  Já se passaram, aproximadamente, trinta minutos de caminhada, o trajeto continua incerto, mesmo conhecendo cada beco da cidade e onde eles darão, na verdade, o trajeto é o que menos importa neste tipo de caminhada, não se trata de esporte, não se trata de uma meta, muito menos de saber quanto tempo ou qual a distância até um lugar qualquer; no fim, se trata de uma caminhada da compreensão, para colocar as ideias no lugar, o que acontece, na maioria das vezes, é surgirem mais dúvidas que certezas, mas de forma estranha isso acalma, não diria que traz felicidade, mas alívio por esquecer de muita coisa e ter seu próprio tempo, mesmo em meio a tantos que perambulam pelas vielas, estar na multidão é estar sozinho também.
  Essa caminhada pode ocorrer em qualquer lugar, outra importante característica é não ter dia e horário específicos, o que importa é bater a vontade de se libertar ilusoriamente. No meio do caminho passa uma linda menina, mas ele não vai olhar, este não é o objetivo, o máximo que ocorre é pensar: que linda! E logo volta a divagar.
  Qualquer coisa é motivo para rir, parece o retorno da inocência, ele fica mais dócil, a maioria que o percebe deve pensar que é louco, anda por aí rindo, com cara de bobo, mesmo o momento não significando propriamente uma comédia, do que tanto ri? Acho que nem ele sabe. Neste momento tudo o encanta, a percepção das coisas muda, sua imaginação aflora, o que sabidamente não é seu forte, ainda lembrando das músicas que não sabe de cor começa a imaginar a materialização dos versos, a música que fala da garota lhe faz ver a própria em sua frente, até parece que foi ele quem escreveu tamanha a riqueza de detalhes.
  Os momentos de devaneios passam depois de um tempo, enquanto espera a próxima música tocar em sua cabeça, novamente pensa em sua realidade, nas milhares de coisas que tem de fazer e sempre parece que não vai dar conta, tenta sistematizá-las para a semana; depois pensa  em sua solidão, em como é lembrado somente quando precisam dele, para os momentos de descontração ele fica de lado, mas também não faz questão de se expor, embora sempre se arrependa, pode ser que seja má companhia e não percebe.
  Sua caminhada dura bastante tempo, anda prolongadamente, mesmo em ritmo lento. Chega um momento em que cansa de tudo aquilo e resolve voltar para casa, chega com uma cara boa, mas também preocupada, não gosta que perguntem o que estava fazendo, de alguma maneira isso o irrita, mas com certeza muitas caminhadas ainda o aguardam, seja daqui um mês ou uma semana, este desejo certamente voltará e mais uma vez será importante para que tudo volte ao lugar, mesmo que realmente nada mude, o prazer da ilusão lhe é satisfatório. 
  Eis que o sujeito chega à sua casa, cansado, contente, reflexivo, magoado e tantas outras coisas mais que se misturam. Volta para sua família, a rotina lhe aguarda entusiasmada e a vida que segue depois de mais uma caminhada. 
 

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Impressões do ENECS

Eles se encontram
Alguns para lutar
Organizar e articular
Ideias em debate
Ideias em combate
Hegemonia em disputa

Alguns vêm para aprender
Entender o que se passa
Perceber o que há por trás da carapaça

Comunistas, socialistas, anarquistas, petistas e até psdbistas
A esquerda predomina, embora dividida
Um brinde à ela, quem sabe um dia integrada
Cuidado com a direita!

Mas nem tudo é disputa
Nem tudo é política
Nem tudo é seriedade
Que venha a espontaneidade!

Alguns vêm para curtir
Festa até amanhecer
Não importa o alvorecer
Existe festa, alegria, poesia e putaria

Manifesta-se a cultura
É o Norte, Nordeste, Sul, Centro-Oeste e Sudeste
Ouve-se mano, tchê e trem
Do rock ao pop em menos de um minuto
Amplia-se seu mundo

Sem esgotar a realidade
Esta foi apenas uma parte
De tudo que ocorreu
Nem tudo é transcrito
Nem tudo é percebido
Fica aqui meu manuscrito



domingo, 17 de junho de 2012

O House tem a perna, eu tenho a ansiedade e alguém pode ter outra coisa

  Não me lembro ao certo, mas quando comecei a assistir o seriado Dr. House ele já devia estar na quarta temporada. Também não lembro o que me fez parar na frente da televisão e assistir o programa, só sei que me tornei um viciado na série, depois daquele dia, acompanhei toda a temporada e resgatei as passadas para me atualizar.
  Me identifico com a série, com o personagem do médico esquisito que tem problemas em manter interações sociais e de comportamento complicado, fora dos padrões de riso a todo momento. Aliás, não é só com ele, assisto outros programas que trazem gente esquisita, como Bones e Dexter. Pra quem me conhece, não é novidade a timidez e o jeito quieto no primeiro ano de contato, alguns demoram quinze minutos para se sentirem à vontade, eu costumo levar um ano, em média. Já me confessaram (e não foi um nem dois), que me viam, qualquer dia desses, entrando em sala e matando todo mundo, como já ocorreu em vários lugares do mundo, para mim, é motivo de muito riso, acho engraçado, ao menos é melhor que ficar ofendido.
  Mas não tenho só problemas em interagir com o público ou as pessoas ao meu redor, desde que me lembro problemas com ansiedade me acompanham. Não se trata daquela que qualquer um sente quando encara algo que considera importante, mas sim, de algo que me acompanha diariamente, até mesmo nas coisas mais pequenas e cotidianas, como a dor que o Dr. House encara todos os dias na sua perna, que o atormenta e influencia no seu humor, nas suas relações.
  Como a dor acompanhada na série, não posso dizer que só isso é responsável por tudo que sou, na verdade, ela pode ser até uma desculpa para muitas coisas que eu deixo de fazer, um motivo para se fazer de coitado e ficar esperando, mas na maioria das vezes ela atrapalha realmente, só quem tem uma dor crônica ou outro tipo de dificuldade constante sabe do que se trata (não falo da dificuldade que as pessoas encaram no seu cotidiano, de luta por sobrevivência e dignidade, se trata de algo diferente, que lhe atrapalha se somando a isso), você acorda e antes mesmo de perceber se é dia a ansiedade já está lá.
  Se engana quem pensa que ansiedade é só um sentimento ou sensação, para mim, ela significa também uma manifestação física, não quero citar tudo, pode ser constrangedor e meu desejo não é de suscitar pena, isto não ajudaria em nada, acho que só quero "denunciar" mais uma realidade que nem parece tão ingrata, mas pode ser bem sofrida. De repente, seus batimentos aceleram, você sua parado, seu corpo treme, o sono vai embora por dias, se concentrar exige mais esforço do que nunca, você fica acelerado, enfim, encerro por aqui, como já disse, se continuar poderá se tornar inconveniente. Imagine isso e algo mais todos os dias da sua vida, não existe cura, assim como não existe cura para a perna do Dr. House, desse modo, consigo compreender seu mau humor diário, assim como sua infelicidade.
  O mais estranho de tudo, como o médico do seriado que considera seu problema importante para estimulá-lo a pensar e trabalhar bem, penso que a ansiedade extremada também é útil para mim, antecipo, tento ser o mais racional possível para evitá-la e acabo me tornando eficiente em muitas coisas, mas sei que não sou só isso, ao menos, penso que não, espero ser mais que isso, senão sou apenas mais um viciado que acha que não pode viver sem sua droga, na realidade tento combater todos os dias a minha dama chamada ansiedade.
  Procurei esconder de todos os meus problemas, sempre, até mesmo dos mais próximos, tanto que procurei ajuda somente aos dezessete anos, depois de uma crise aguda, quando não mais sabia se suportaria levar a vida adiante. Assim como a dor do personagem, em alguns momentos a ansiedade se manifesta mais aguda, isso leva a um estado de tristeza maior do que o normal, nos leva a ficar simplesmente deitados, sem vontade de nada, até mesmo de viver. Nesses momentos, vejo como o seriado me ajudou, consigo ver isso no senhor Gregory House, pode ser difícil, mas a morte não resolve nada, embora pareça especialmente tentadora em muitos momentos. Nunca tinha visto alguém parecido comigo, tanto na personalidade como em ter problemas parecidos, vendo o seriado, por mais inocente que pareça, vi que não estava sozinho em um caminho amargurado, isso me deu força, me vi no personagem Dr. House, acho que vem daí tanto amor pelo programa e compreensão com o insuportável médico, inclusive tenho o Wilson na figura dos meus amigos gêmeos, compreensíveis demais com um louco que os atormenta.
  Lá se vão vinte anos convivendo com ansiedade, ou menos, porque tenho memória de uns cinco ou seis anos de idade pra frente, poderia escrever um livro sobre esta experiência diária e tudo que me ocorre por conta dela, mas no momento é isso. Depois de anos de sofrimento calado, resolvi compartilhar, não só com os próximos, mas de certa forma com o mundo, a minha história. Como o seriado, talvez isto ajude alguém a perceber que não está sozinho, embora o problema central possa ser diferente, talvez uma outra dor crônica ou problema permanente que lhe acompanhará pelo resto da vida, mas que não impeça de vivê-la, pois, assim como o House tem o problema da perna, eu tenho a ansiedade e alguém pode ter outra coisa. 
  

quinta-feira, 14 de junho de 2012

1º Marcha das Vadias em Maringá

  Como a maioria dos textos que falam da Marcha da Vadias, poderia começar situando o leitor do que se trata esta marcha, onde começou e por quais motivos, antes que a palavra vadia possa ser mal interpretada; mas este não é meu objetivo com o texto, acredito que na internet seja fácil encontrar as informações referentes à marcha em âmbito geral (se informar devidamente é preciso, cuidado com suas fontes!). Mas quero falar das minhas impressões sobre a marcha de Maringá, não só do dia, mas dos acontecimentos e pensamentos em torno da movimentação.
  Participei da 1º Marcha das Vadias em Maringá, antes disso, havia participado do evento de "lançamento" da marcha que abordou os motivos que levavam ela a ser feita nesta cidade. Considero importante um evento deste porte na cidade, ainda mais se tratando de Maringá, uma cidade extremamente conservadora, diriam alguns provinciana, ouvi muitos comentários negativos em relação ao que foi feito, muitas pessoas ficaram horrorizadas com o que viram, o que!? Mulheres protestando contra o machismo e querendo direitos iguais?! Ainda por cima, algumas com seios de fora!? Alguns ficaram chocados e não perceberam que não se tratava de promiscuidade gratuita, mas sim, de alerta ao danos do machismo, da opressão que sofre a mulher e ainda é colocada como culpada; não se tratava de querer direitos para se vestir como puta, mas de se vestir como quiser, poder fazer e ter direito de se igualar aos homens, ter salários iguais, não ser vista como objeto e até o mais elementar e que se refere à preocupação de uma mãe: querer no mínimo uma creche para deixar seu filho enquanto trabalha.
  Nós, homens, não temos noção do que é ser mulher, nosso machismo pode aflorar até em momentos considerados insignificantes, nem chegamos a perceber, tamanha pode ser a naturalidade com que encaramos certas coisas. Tento policiar minhas ações, tento não ser machista e sim um feminista, não é uma tarefa fácil, fui criado para ser homem assim como a maioria, recebendo ensinamentos que podem ser machistas da própria mãe, afinal de contas homem é homem, como diria uma música de mal gosto. 
  Antes da marcha em Maringá, tinha consciência da importância da luta das mulheres contra o machismo e por direitos, no mínimo, iguais aos dos homens, mas quando ocorre algo significante, como a manifestação, paramos para pensar melhor e tomamos maior dimensão do tamanho do problema, principalmente quando junto disso, assistimos palestras e corremos atrás de mais informações, aí sim, a realidade nos toma de assalto e é capaz de nos espantar, certas coisas que consideramos ou não reparamos que existem no cotidiano batem á nossa porta: ouvir relatos de pais que sequer deixam seus filhos homens tomar suco num copo rosa parece algo de outro mundo ou século longínquo; sem contar coisas mais cruéis, como histórias de pessoas que sofreram agressões e a coerção em torno da mulher ou das meninas para que façam coisas de menina.
  Infelizmente, nem todos param para pensar adequadamente quando têm a oportunidade, não conseguem quebrar a barreira do seu conservadorismo, não têm a mente aberta para propiciar o debate, parecem discos riscados que reproduzem sempre o mesmo som, sempre os mesmos argumentos mal construídos, incapazes de transcender uma observação rasa. Deste modo, se coloca a necessidade, não só das mulheres, mas de todos os oprimidos nas mais diversas circunstâncias e tempos, de duvidar de tudo que é certo ou naturalizado, procurar quebrar barreiras e suscitar a discussão em torno de temas polêmicos, se coloca a necessidade de problematizarmos nossos dogmas e organizarmos formas de mudança, chamar a atenção para o que está errado e levantar soluções, precisamos apontar e corrigir falhas, a sociedade precisa ser debatida para que possa ser mudada, se coloca a luta dos oprimidos contra o conservadorismo dos que oprimem.
  A nota mais negativa da marcha das vadias em Maringá fica por conta da imprensa local, ou parte dela que prestou um desserviço ao debate e à questão. Acompanhei a cobertura de dois canais, no primeiro, começaram bem, dando apoio à luta das mulheres e colocando sua necessidade por direitos iguais aos dos homens, mas no fim, o apresentador acabou fazendo o velho discurso de culpabilizar as vítimas de estupro por se vestirem de forma, julgada, promíscua, um terrível erro; quanto à segunda emissora, coitados! O apresentador, é triste pensar em um ser humano assim, é um lixo, se negou a comentar sobre a marcha das vadias em Maringá, deu sinais de que falaria bobagem e daquelas bem preconceituosas, dá pra ver que na casa dele lugar de mulher é na cozinha e calada, pobre coitado! Morrerá na ignorância de sequer entrar no debate. O pior de tudo, é que estes infelizes formam a dita opinião pública e influenciam muito as pessoas, devem ter faltado à algumas aulas do curso de jornalismo sério.
  A marcha foi importante, o primeiro passo foi dado e os próximos devem ser melhor refletidos, encontrar erros e os significados que devem ser dados nas próximas, mais do que colocar o debate, é importante ampliá-lo, esclarecê-lo para que não ocorram desenganos aos desinformados, ficam os frutos mas também os desafios.   
  Minha atenção foi chamada com a marcha e os eventos que dela fizeram parte(eventos de esclarecimento tão importantes quanto a manifestação, tem de ser investido e divulgado mais isso nossos próximos anos) ,espero que de tantos outros também. Mais do que nunca, os homens devem se aliar às mulheres e não vê-las como inimigas ou subalternas, que os pais não se preocupem em tornar seus filhos homens em machos e as meninas em damas recatadas subservientes, mas sim, seres humanos iguais, independentemente do sexo, só isso. Vamos perder nossos preconceitos e sermos todos vadios e todas vadias, iguais!
   

domingo, 3 de junho de 2012

Palavras não explicam tudo, há um sentimento inesperado

Certas coisas não podem ser ditas
Nem expressadas
Apenas sentidas
E escorrem através das lágrimas
Numa época em que não se pode mais chorar
O lamento tem de ser interno
Será apenas o seu inferno
Mas nem tudo é eterno
A gente sempre espera passar, quieto!
É uma luta eterna contra a dor
Porém, é preciso lembrar:
O sorriso pode voltar
Então,
Novamente, certas coisas não podem ser ditas
Nem expressadas
Apenas sentidas
E aparecem na forma de riso
Mas o processo não é fácil,
Nem simples,
Mas delicado
Exige cuidado
Nada pode sair errado
Que venha o inesperado!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O que é amizade?

  Certas coisas da vida parecem óbvias demais para serem questionadas, elas simplesmente são o que são ou é melhor que não a questionemos para evitar problemas, é o que me parece ser a amizade. Mas, nos últimos tempos tenho me questionado muito sobre o que é amizade, quem posso considerar um amigo? Justamente porque não sinto que tenho amigos, não pertenço a nenhum círculo, a não ser por dois sujeitos que moram em Itajaí e que vou com a cara deles, aliás são gêmeos, se não o fossem, talvez fosse apenas um indivíduo no mundo que eu consideraria como um verdadeiro amigo, além dos cidadãos da minha família. Poderiam dizer que meus dois amigos, na verdade são meus melhores amigos e os outros são apenas amigos, mas não é o que me parece. Algumas pessoas poderão se ofender com o que acabei de escrever, mas não é minha intenção magoar alguém, considero a maioria das pessoas como conhecidas e por muitas tenho um sentimento especial, espero poder explicar o motivo da diferenciação.
  Procurando num dicionário qualquer, encontrei algumas definições de amizade:  1- Sentimento de Amigo;  afeto que liga as pessoas. 2- Reciprocidade de afeto. 3- Benevolência. 4- Amor.   Acho que amizade é algo que não tem uma explicação única, destas que se encontra em um dicionário e pronto! Depende mais do sentimento e do que pensa cada um sobre as relações que estabelece com os outros ao seu redor.
  Mas então, cara pálida, o que é amizade para mim? Não raramente encontramos críticas às relações que A SOCIEDADE (utilizamos na terceira pessoa, geralmente, quando é algo ruim, portanto não nos incluímos no grupo, são os outros, não eu!) estabelece nos dias atuais, como sendo efêmeras; rasas; sem conteúdo; mas em geral superficiais; penso que em grande parte é verdade. Talvez seja isto que sinto, mas no geral, não me percebo próximo a ninguém, me aproximo de algumas pessoas, mas são momentos passageiros que logo cessam; não fico à vontade com quase ninguém. Já com aqueles que considero como amigos, assim como na presença dos meus parentes, me sinto bem, confortável, percebo que há uma relação contínua e sincera. Vejo como amigos os que estabeleço uma relação maior que as vividas na aula; militância ou no trabalho, onde as diversas "esferas da vida" se misturam, quando passo a reconhecer e ser melhor reconhecido no ambiente com outros e transcendo um objetivo direto e imediato, que é mais do que obrigação, passa a ser vontade, chamar e ser chamado, agregar e se sentir parte de um todo; quando pensar em sair, lembrar daquele AMIGO; pelas circunstâncias da vida, acabar conhecendo cada vez melhor o AMIGO a ponto de vê-lo como membro da família e perceber que ele e você já constituem, juntamente a outros, uma nova família; saber que pode contar e o AMIGO saber também ter certeza que pode contar contigo sem mesmo dizer alguma palavra, que mesmo quando dita, não parece forçada, mas sim, natural, espontânea e o que chamariam de vinda do coração.  
  Não consigo considerar amigo o cidadão que encontro só na aula; só no trabalho ou em lutas de interesse comum e que estabeleço diálogos esporádicos, considero necessário ultrapassar este estágio corporativo e ir para algo além, que talvez nem esteja claro na minha cabeça, mas é um estado de espírito, algo somente sentido e difícil de explicar, embora tente e me questione muito a respeito, mas que tem de ser vivido e experienciado no transcorrer dos dias, ultrapassando a medida do tempo.
 Os que não se enquadram no que disse em relação à amizade, são conhecidos, embora reconheça que entre os chamados conhecidos existam pessoas com quem me relaciono muito bem e até diria que estou em processo de construção de amizade, mas não consigo enxergar como amigos ainda. Também não tenho inimigos (espero, ao menos não alimento tal tipo de ideia), o que considero importante e saudável. 
 Me pergunto sobre os parâmetros que utilizo, talvez sejam rígidos demais, alicerçados numa nostalgia ou num saudosismo que nunca foi concreto e floresce em momentos de fraqueza; será que este é o novo padrão e não percebi? Talvez o problema seja só comigo, talvez ainda não tenha me enquadrado e seja apenas mais um desajustado.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Ciências Sociais não é para qualquer um.

  No Brasil, o ensino de Ciências Sociais nas escolas de ensino fundamental e médio, de forma geral como Sociologia ou Estudos Sociais, se apresenta intermitente, aparece na grade das disciplinas obrigatórias e some, aprece como uma matéria optativa  e depois é retirada. Mas desde 2007 voltou a configurar como obrigatória no ensino médio nacional.
  A implementação da Sociologia no ensino médio é considerada importante, geralmente, os documentos oficiais tratam da importância da formação crítica do cidadão capaz de atuar em sociedade, a relevância da construção da cidadania. Obviamente é importante que formemos cidadãos críticos, capazes de conhecer os problemas e dinâmicas sociais, e talvez mais do que isso, que possam fazer algo com este conhecimento, que possam agir no meio em que vivem.
  Em 2001, Fernando Henrique Cardoso, nosso ex-presidente, vetou o retorno da Sociologia ao ensino médio, alegando a insuficiência de profissionais na área para suprir a demanda que seria criada. De fato, este problema ocorre ainda hoje, visto que a própria disciplina tem dificuldades de obter sequência na rede de ensino e acaba não atraindo tantos profissionais interessados. Mas este panorama de falta de profissionais vai mudando, o retorno da disciplina nas escolas de ensino básico cria o interesse das universidades e das pessoas na graduação de Ciências Sociais.
  Infelizmente, na falta de professores graduados na área, principalmente em cidades menores e carentes de universidades, as aulas de Sociologia acabam sendo ministradas por pedagogos, formados em letras, professores de história e geografia e até mesmo, pasmem, por matemáticos. Todos com poucas horas de Sociologia durante a graduação, ou seja, não são as pessoas indicadas para ministrar tais aulas. 
  Ciências Sociais não é a mesma coisa que pedagogia, história ou qualquer outra disciplina do currículo. Há metodologia própria, autores próprios, estudos específicos, enfim, é uma área singular, os mais capacitados a ensinarem o saber sociológico são os cientistas sociais. Sociologia não é achismo ou palavras ao vento, mas sim, uma ciência, possui objeto e metodologia, tem recursos próprios e profissionais próprios, assim como a história cabe aos historiadores e a pedagogia aos pedagogos com suas respectivas competências.
  Qual a solução para este quadro? Ampliação dos cursos de Ciências Sociais nas universidades (as públicas de preferência), abertura de concurso para a matéria que atrairia professores dos grandes centros para o interior do país e tornaria a opção mais interessante para os que fogem da instabilidade das aulas. Não que isso seja a solução imediata e total, mas seria um começo.
  O que o governo faz? Cria o PARFOR que gradua professores da rede em diversas áreas em dois anos com aulas no final de semana, onde fica a qualidade do profissional? No lixo, como se qualquer coisa bastasse. Nesta perspectiva governamental, educação não é prioridade, pelo contrário, está cada vez mais precarizada, tanto a base quanto o ensino superior. Com programas semelhantes ao PARFOR, o governo simplesmente economiza, não abre concurso, não abre vagas a novos profissionais, não abre novos cursos e universidades públicas, mas é uma economia que custa caro lá na frente, mas quem paga a conta é a população mais desamparada e necessitada que fica sem oportunidades de ensino e profissionalização decente.
  Não importa o partido, PSDB ou PT já não fazem muita diferença, nossas escolas ficam à mercê da própria sorte assim como nossas universidades, haja material humano! Parecem pequenas coisas, cotidianas, que diretamente e aos poucos, de forma quase ingênua ou imperceptível, afetam a qualidade do ensino das crianças e dos adultos, mas ligadas a um problema estrutural maior, de uma sociedade que não visa o atendimento das necessidades humanas, mas que se reduz ao que é mais rentável.
  
  

sábado, 17 de março de 2012

Ele lutou

O que ele era?
Comunista
Com o que ele sonhava?
A emancipação humana
Algum dia ele parou?
Não, ele lutou
Ele desistiu?
Não, ele lutou
Ele hesitou?
Talvez, mas mesmo assim ele lutou
Mas o tempo nos tira a vitalidade
Faz chegar a idade
Nos derruba como um minuano xucro
Pode ser num dia calmo, que tragédia! Numa sexta-feira
Mas até o seu último suspiro, sabe o que ele fez?
Sim, ele lutou

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Poema da Tainá

' Apesar do DNA, nem tão parecidos
gostos e manias a serem discutidos,
porém há algo que me leva além.
Algo capaz de curar qualquer dor.
Acredito ser aquele sentimento,
Como é mesmo? Ah sim, o amor'.

Obs.: Poema feito pela minha irmã, postei sem autorização prévia, mas como achei bom, achei melhor compartilhar. Ela dedicou a mim. Obrigado, meu presente de natal adiantado.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Demagogia barata

  A cada ano eleitoral um dos temas mais comentados é a educação, vista como prioridade por muitos, a única forma de se alcançar alguma mudança na sociedade. Parece consenso entre os demagogos de plantão que é necessário o "investimento" na educação para mudarmos o país e alcançarmos o desenvolvimento.
  Como eu disse, parece, pois as aparências enganam, veja o que acontece no Paraná, onde o vice governador é chamado enfaticamente de professor, o governo estadual anuncia cortes nas verbas de custeio das universidades, no caso da UEM, o corte foi maior que 50%, isso mesmo, eu não me enganei, vou repetir, corte maior que 50%, de 20 milhões passou para 8, ou seja, 12 milhões foram cortados!
  Agora, adivinha para quem sobrou a conta a ser paga? Para a população, para os alunos, que de forma mais imediata perderam bolsas trabalho, bolsas que, se não sustentavam, ao menos representavam um importante valor no orçamento para se manterem estudando. Você que não tem bolsa trabalho deve estar pensando o que eu tenho a ver com isso? Eu digo: tudo, ou acha que é só isso que será cortado? Você planeja fazer projeto de iniciação científica com bolsa? Seu curso precisa fazer uma saída de campo? Seu laboratório necessita de materiais novos? Pois é, meu caro, será um ano difícil para todos, provavelmente seu departamento deve estar contando as moedas neste momento.
  Então, estudantes da UEM e de outras universidades públicas do Paraná, ficaremos parados?
  Tais fatos demonstram a ofensiva feita pelo governo Richa e o ´PSDB à educação, pelo jeito ela não é vista como um investimento necessário para mudar o país, mas sim um custo, custo desnecessário que precisa ser contido. Enquanto isso as universidades privadas agradecem, devem estar adorando o sucateamento das instituições públicas, já contabilizam os lucros com os novos alunos que as procurarão, visto a falta de investimento nas universidades públicas, daí meu caro, você paga os impostos e a mensalidade para as empresas de ensino privado.
  Terminarei com um canto elaborado ano passado num ato feito pelos alunos do departamento de ciências humanas em frente à reitoria: 
  "BOTA TIJOLO... BOTA CIMENTO... EDUCAÇÃO PRECISA DE INVESTIMENTO!
(... e não de demagogia barata em ano de eleição, algo que é facilmente desmascarado na vigência do mandato).

sábado, 21 de janeiro de 2012

Resumo não terminado

No velho flerte com a morte de um bom vivo
Desde que me lembro
Há algo que anda junto comigo
Não sei se é tristeza
Não sei se é inconformismo
Só sei que me derruba
Não sinto todas as dores do mundo
Mas as poucas que percebo já bastam para me derrubar
A cada dia achando um motivo para continuar
Nem todo doce é suficiente
Já não sinto o gosto do rum
Luto por quem?
Às vezes a causa parece perdida
Mas a esperança se renova até a próxima esquina
Sempre no lugar errado esperando oportunidade
Sempre com as pessoas erradas, nunca conheci as certas
Talvez elas se escondam de mim
Talvez porque são chatas
Os insanos e perturbados me agradam, eles que me cercam
Fora normais!
É tão difícil ouvir o sim
Quase acostumado a ouvir somente não
Mas o costume não diminui a dor
A cada um parece mais difícil
Mas ainda estou vivo
Invejo os alienados
Já não tenho como nunca tive aquele sorriso espontâneo de completa felicidade
Só sai aquele de irônico e que parece de louco
Ao som do que é mais depressivo, que me me parece familiar
Ainda não vendi a alma ao diabo, mas já conheci o inferno, lugar divertido
Não seja tão sincero, descobri que os outros não gostam
Faça o que der vontade, mas aguente as consequências
Caso contrário, pare de brincar
Nem sei porque fiz isso
Motivo nunca foi necessidade
Eu mesmo tenho nojo do lado romântico, mas não consigo abandoná-lo
Não sou o mais requisitado, é normal ser abandonado
Esquecido por nunca ter presença
Conheço uns poucos, mas logo os deixo, espero que isso termine
Espero que termine também o maldito capitalismo
Mas o resto fica pra outra história
Essa foi mais uma que saiu do baralho
Aliviou a mente
E transcendeu a palavra