Certas coisas da vida
parecem óbvias demais para serem questionadas, elas simplesmente são
o que são ou é melhor que não a questionemos para evitar
problemas, é o que me parece ser a amizade. Mas, nos últimos tempos
tenho me questionado muito sobre o que é amizade, quem posso
considerar um amigo? Justamente porque não sinto que tenho amigos,
não pertenço a nenhum círculo, a não ser por dois sujeitos que
moram em Itajaí e que vou com a cara deles, aliás são gêmeos, se
não o fossem, talvez fosse apenas um indivíduo no mundo que eu
consideraria como um verdadeiro amigo, além dos cidadãos da
minha família. Poderiam dizer que meus dois amigos, na verdade são meus melhores amigos e os outros são apenas amigos, mas não é o que me parece. Algumas pessoas poderão se ofender com o que acabei
de escrever, mas não é minha intenção magoar alguém, considero a
maioria das pessoas como conhecidas e por muitas tenho um sentimento especial, espero poder explicar o motivo da diferenciação.
Procurando num
dicionário qualquer, encontrei algumas definições de amizade: 1- Sentimento de Amigo; afeto que liga as pessoas. 2- Reciprocidade de afeto. 3- Benevolência. 4- Amor. Acho que amizade é algo que não tem uma explicação única, destas que se encontra em um dicionário e pronto! Depende mais do sentimento e do que pensa cada um sobre as relações que estabelece com os outros ao seu redor.
Mas então, cara pálida, o que é amizade para mim? Não raramente encontramos críticas às relações que A SOCIEDADE (utilizamos na terceira pessoa, geralmente, quando é algo ruim, portanto não nos incluímos no grupo, são os outros, não eu!) estabelece nos dias atuais, como sendo efêmeras; rasas; sem conteúdo; mas em geral superficiais; penso que em grande parte é verdade. Talvez seja isto que sinto, mas no geral, não me percebo próximo a ninguém, me aproximo de algumas pessoas, mas são momentos passageiros que logo cessam; não fico à vontade com quase ninguém. Já com aqueles que considero como amigos, assim como na presença dos meus parentes, me sinto bem, confortável, percebo que há uma relação contínua e sincera. Vejo como amigos os que estabeleço uma relação maior que as vividas na aula; militância ou no trabalho, onde as diversas "esferas da vida" se misturam, quando passo a reconhecer e ser melhor reconhecido no ambiente com outros e transcendo um objetivo direto e imediato, que é mais do que obrigação, passa a ser vontade, chamar e ser chamado, agregar e se sentir parte de um todo; quando pensar em sair, lembrar daquele AMIGO; pelas circunstâncias da vida, acabar conhecendo cada vez melhor o AMIGO a ponto de vê-lo como membro da família e perceber que ele e você já constituem, juntamente a outros, uma nova família; saber que pode contar e o AMIGO saber também ter certeza que pode contar contigo sem mesmo dizer alguma palavra, que mesmo quando dita, não parece forçada, mas sim, natural, espontânea e o que chamariam de vinda do coração.
Não consigo considerar amigo o cidadão que encontro só na aula; só no trabalho ou em lutas de interesse comum e que estabeleço diálogos esporádicos, considero necessário ultrapassar este estágio corporativo e ir para algo além, que talvez nem esteja claro na minha cabeça, mas é um estado de espírito, algo somente sentido e difícil de explicar, embora tente e me questione muito a respeito, mas que tem de ser vivido e experienciado no transcorrer dos dias, ultrapassando a medida do tempo.
Os que não se enquadram no que disse em relação à amizade, são conhecidos, embora reconheça que entre os chamados conhecidos existam pessoas com quem me relaciono muito bem e até diria que estou em processo de construção de amizade, mas não consigo enxergar como amigos ainda. Também não tenho inimigos (espero, ao menos não alimento tal tipo de ideia), o que considero importante e saudável.
Me pergunto sobre os parâmetros que utilizo, talvez sejam rígidos demais, alicerçados numa nostalgia ou num saudosismo que nunca foi concreto e floresce em momentos de fraqueza; será que este é o novo padrão e não percebi? Talvez o problema seja só comigo, talvez ainda não tenha me enquadrado e seja apenas mais um desajustado.
Me pergunto sobre os parâmetros que utilizo, talvez sejam rígidos demais, alicerçados numa nostalgia ou num saudosismo que nunca foi concreto e floresce em momentos de fraqueza; será que este é o novo padrão e não percebi? Talvez o problema seja só comigo, talvez ainda não tenha me enquadrado e seja apenas mais um desajustado.
Acho que isso é daquelas coisas que não resistem a racionalização. Indifinível e impreciso. A amizade, como a felicidade, se se busca, se esvai.
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