domingo, 16 de setembro de 2012

Considerações sobre o filme: Entre os Muros da Escola


Fiz este texto para a disciplina de Didática depois de assistir o filme. Recomendo o filme, aliás.
Uma realidade escolar difícil não parece ser exclusividade do Brasil, principalmente quando se trata de escola pública, embora o discurso vigente seja o de valorização da educação por sua capacidade transformadora da sociedade.
Entre os Muros da Escola apresenta uma realidade que pode parecer estranha a muitos, geralmente, os países desenvolvidos não são apresentados por seus problemas internos, mas apenas por seus avanços, a desgraça nos parece como exclusividade dos países pobres e periféricos.
Filmes não podem ser encarados como a própria realidade, mas sim, uma representação da mesma. Levando isso em consideração, Entre os Muros da Escola nos apresenta quem constitui a escola pública da periferia em um grande centro, são os pobres e imigrantes que tentam construir suas vidas na França, principalmente aqueles estrangeiros de origem africana.
Embora o aspecto multicultural que compõe a escola seja um prato cheio para se discutir através do que foi apresentado no filme, me concentrarei neste pequeno texto sobre outras especificidades, como a autoridade do professor e os limites da punição.
Quem tem mais força e maior autoridade dentro do colégio, em qualquer instância do ensino, é o professor, geralmente ele decide como as coisas serão feitas, coloca regras, impõe limites e é dele o discurso do vencedor sobre o que ocorre dentro de uma sala de aula. Realmente, nos marcos de hoje, cabe pouco ao aluno o que fazer, além, é claro, do medo de perseguição do professor contra qualquer reclamação, são poucos que têm a ousadia de questionar a autoridade professoral, mesmo quando o fazem, sempre vem a pergunta: o que você fez para o professor reagir assim? Embora o aluno tenha direitos, o próprio acesso para que tenha conhecimento não lhe é apresentado.
Outro problema que uma instituição escolar pode enfrentar é o da bagunça, desentendimentos e outros tipos de questões que até extrapolam os limites do colégio. Quando alguém infringe uma regra vem a punição, conforme a reincidência outras medidas são tomadas, dependendo da gravidade da infração o aluno pode até ser expulso. Até onde a punição surte enfeito positivo? Até onde ela é o melhor caminho? Ela realmente resolve as querelas mais diversas que podem existir no espaço escolar? Se a punição não resolve, o que fazer? A premiação poderia ser um caminho para aqueles que “seguem na linha” e aí criando um exemplo para os “infratores”, seria interessante criar a classe dos premiados e a dos não premiados?
Essas são algumas questões e inquietações que o filme me trouxe para a reflexão, qual seria o melhor modelo para a educação e seus problemas? Parece-me que as atuais circunstâncias não são as mais favoráveis e interessantes, precisamos repensar a escola.

As surpresas de uma corrida

  Mais um domingo quente em Maringá, não dá vontade de fazer muita coisa (não que não tenha uma pilha de livros e trabalhos a fazer, aliás, nos últimos três anos sempre há o que fazer quando se trata de estudo), mais um dia entediante pela frente, mas havia um plano para o fim de tarde: correr!
  Me parece inexplicável a sensação de felicidade proporcionada pelo esporte, ao final da atividade você fica ofegante mas rindo à toa, sensacional, o riso sai fácil e seu corpo é inundado por uma boa sensação que lhe acompanha por algum tempo.
  Na maioria das vezes, o trajeto da corrida ou ela em si não apresentam nada de muito diferente, de certa forma, ela entra em uma rotina também, embora não tenha conseguido manter a regularidade como outrora. Mas em alguns dias, coisas inesperadas acontecem, você enxerga uma cena interessante, encontra algum conhecido, é testemunha de algum acidente, toma um banho de chuva, enfim, correr na rua pode lhe proporcionar momentos marcantes. 
  Hoje foi um dia de corrida surpreendente, comecei meu trajeto mais frequente no Bosque Dois, o que tem mais subidas, depois de correr uns dois quilômetros(não sei ao certo, sou péssimo em citar altura ou distâncias no chute, só sei que já havia corrido uma relativa boa distância), então fui ultrapassado por uma guria, até aí nada de estranho. A guria me ultrapassou em alta velocidade, fazia tempo que não via alguém correr tanto.
  Logo adiante eu me surpreendi, ultrapassei a guria que havia me ultrapassado(está claro?), pouco tempo depois ela me ultrapassou novamente, ela não saiu da vista, um pequeno lapso de tempo depois eu a ultrapassei e até tirei uma relativa distância, um tempo se passou e ela me ultrapassou de novo, dali para frente não fui mais capaz de alcançá-la, mas a mantive ao alcance da visão até o fim. O que há de surpreendente nisso? Acabei, possivelmente, correndo mais do que correria sozinho, até porque faz tempo que não coloco uma regularidade nos meus exercícios como um ano atrás e acabo fazendo um trote leve na maioria das vezes, mas prazeroso do mesmo modo. Eu diria que me motivei e corri mais rápido pela competição boba de hoje e por isso me surpreendi, sem contar que foi divertido, me serviu para ter certeza que meu preparo físico deixa a desejar no momento e que não competíamos em condições iguais, pois ela me parecia muito bem e "ganhou" por boa distância. Às vezes, uma competição esportiva, sem querer e inesperada, pode ser interessante.  

domingo, 2 de setembro de 2012

Ler e escrever

  Faz bastante tempo que comecei a me interessar por leitura. Algo marcante para mim e que me recordo como minha iniciação no mundo da leitura ocorreu na segunda série, em função da professora que nos incentivava a ler, daquela época, lembro dos livros da Ruth Rocha e de como a professora adorava esta autora, sem contar as histórias que trazia para a sala de aula.
  Caso eu não esteja esquecendo de alguma coisa, depois de ter minha "iniciação" com os livros da Ruth Rocha, logo passei para os livros didáticos, afinal de contas eram os que estavam mais próximos para a leitura na escola. Aliás, me interessei mais pelos livros didáticos de história e geografia, mas não abandonei a literatura, foram coisas que caminharam lado a lado.
  Quando me mudei para Santa Catarina, o acesso ao livro ficou mais fácil, tive mais contato com a biblioteca pública do município, no início, procurava o local para fazer pesquisas referentes às aulas e aos poucos fui pegando outros tipos de leituras com maior frequência.
   No ano de 2009 comecei a estudar para o vestibular, o foco foi o material para a prova, daquele ano em diante abandonei a literatura e fiquei restrito aos livros que continham conteúdo que seria cobrado no exame. Depois acabei passando no vestibular, desde então o foco tem sido o conteúdo do curso, acabei retomando as leituras de literatura apenas para fazer trabalhos ou estudar algo relacionado às disciplinas. 
  O hábito de escrever por querer e não por obrigação escolar veio só mais tarde, isso ocorreu lá por 2009, embora tenha começado pela necessidade de praticar a escrita para a redação do vestibular, o importante é que a prova passou mas o costume ficou. A princípio, escrevia em folhas e as guardava, mas isto fazia sentido apenas para mim, visto que ninguém lia, não havia uma troca. Finalmente criei o blog e tornei públicos os meus textos, mesmo assim, não posto todos e escrevo aqui só quando dá vontade ou lembro, os que não posto são textos para estudo próprio, além das ideias que surgem para textos, mas acabo não escrevendo por vários motivos(às vezes não anoto a ideia e acabo esquecendo).
  Escrevo hoje por prazer, é quase uma terapia ocupacional, ajuda a distrair, organizar ideias, refletir, me comunicar melhor, se tornou algo maior que uma obrigação, faz parte da minha vida, independentemente do que venha a fazer no futuro, não me imagino mais sem o hábito da escrita.
  Considero a passagem da professora Lucinda, durante a segunda série, pela minha vida como algo fundamental para tudo isso, a partir dali veio todo o resto, por este incentivo ela ficará para sempre em minha memória, mesmo não tendo mais contato com ela,  foi alguém importante que impactou diretamente minha trajetória. Obviamente que mais tarde isso poderia ocorrer de outra maneira, mas é o que tenho marcado desde então.
  Sei que hoje as condições para quem trabalha com educação não estão fáceis, nas mais diversas camadas,  desde o ensino básico até a graduação, salários defasados, condições de trabalho ruins e todas as especificidades de cada área, educação é prioridade na teoria, na prática fica para segundo ou terceiro plano para os governos.
  O trabalho do professor continua sendo fundamental para alterar os rumos de muitas vidas, que a sociedade abra os olhos e cobre por mais investimento na educação, para que mais vidas sejam alteradas para melhor, todos precisam lutar por uma educação pública, gratuita e de qualidade, com a valorização dos professores e demais profissionais da área que fazem tudo acontecer, embora não possa se restringir a isso o investimento em educação, há necessidade de toda uma estrutura que pode ser tema de outro texto. 

O inferno deve ser legal

  Não professo uma fé, não baseio minhas ações numa preocupação entre ir para o inferno ou ir para o céu, se estou agradando alguma divindade ou me aproximando de uma parte perigosa da espiritualidade que muitos acreditam.
  Apesar do que mencionei acima, vivo em uma realidade religiosa, estou cercado de cristãos que acreditam em um deus, anjos e santos, que representam a parte boa da história; pessoas que acreditam em um diabo e o inferno, que seriam o lado mau de tudo que há no mundo. Por conta disso, vira e mexe estou imaginando como seria o céu e o inferno, como mencionei, fico imaginando, nunca li a bíblia para ter uma compreensão exata de como os religiosos veem isso.
  Mas penso, no senso comum do qual faço parte, o céu é o paraíso, pessoas boas estão lá, o que não quer dizer que sejam legais, sujeitos que praticaram boas ações durante suas vidas, ou seja, em linhas gerais, ajudaram os outros sem interesses, fizeram sexo só depois do casamento, não caluniaram os outros, não fizeram fofoca, enfim, uma enormidade de boas condutas, uma vida reta. Se bem que no caso católico existe a confissão para remissão dos pecados.
  Já no inferno, estão pessoas más, que mataram, roubaram, se suicidaram, curtiram a vida de forma irresponsável, fizeram sexo antes do casamento(se é que se casaram algum dia), enfim, cometeram desde grandes atrocidades até pequenas irresponsabilidades. Na realidade, tirando os casos extremos, boa parte das almas que se encontram neste campo aproveitaram a vida, claro que podemos julgá-las se sua felicidade não era artificial ou outro ponto de vista moral.
  Posto tudo isso, penso que o céu deve ser um porre de desagradável, pessoas recatadas deveriam estar lá, as que seguiram os bons costumes e seguiram suas vidas medíocres, evidentemente sempre há a exceção. Enquanto isso, no inferno, que deve ser quente pra chuchu e um pouco sofrido, encontramos pessoas divertidíssimas, que fizeram orgias, estavam pouco ligando para regras morais vigentes, que se mataram ou eram ateus, mas que foram gênios na terra. Fico imaginando como seria legal conversar com Marx no inferno, ouvir o Kurt, a Amy, acho que já deu para entender onde quero chegar.
  Lembrando que este texto não segue uma lógica ancorada no real, apenas um exercício de imaginação, muito menos consultei os livros sagrados cristãos para saber o que dizem a respeito, também não era essa a minha intenção, só queria devanear um pouco. Na verdade, este texto dever ser um dos piores que já escrevi, fui pouco esclarecedor na construção dos pontos, mas também não estava nem aí. Algo para se considerar e rir, imagine isso!



Mais uma madrugada

  O relógio marca exatamente três horas, cinquenta minutos e cinco segundos da manhã, mais uma madrugada que se passa em claro, não posso dizer que o sono não veio, porque até que ele tentou me convencer a ir para a cama, mas minha consciência não quis, deliberadamente ela preferiu ficar alerta e pensando mais uma vez sobre tudo que me trouxe até aqui, tudo isso depois de mais um dia frustrante. Caro leitor, se você está feliz, sugiro que não termine de ler este texto, vá fazer outra coisa, sei lá, vai jogar xadrez ou ouvir uma música, há coisas melhores para se fazer, trata-se aqui de um pessimista.
  Me considero um pessimista, vejo tudo pelo lado mais negativo, vivo pensando no que pode dar errado e vai dar errado, dificilmente me coloco para cima, tendo a me levar para baixo. Mas, apesar disso, sei que no fundo sou um otimista, me permitirei a contradição, pois quem é comunista, jamais será um tremendo pessimista. Por favor, sem aquele papinho de que falta deus no coração, no meu caso, claramente é isso, uma vez que sou ateu, mas nem por isso saio matando, roubando, xingando, sendo mal educado. Preferência religiosa não define caráter.
  Certas coisas não conseguimos explicar, meu estado de amargura, desânimo e tristeza vem desde pequeno, desde que tenho memória ou consciência do que faço não me lembro de ter muitos dias felizes, minha instabilidade não é de hoje, minha ansiedade não é de agora, vêm de tempos distantes, não me recordo do "trauma"(se é que ele existiu) que desencadeou tudo isso. Percebem por que não fico falando disso o tempo todo, cansa, não é? Mas também acho chato demais essa coisa de ter que parecer feliz o tempo todo, isso também cansa. Só espero poder rir quando quero e chorar quando desejo.
  Por muito tempo adorei a solidão, ainda gosto bastante dela, trata-se de algo muito útil, ficar rodeado de gente o tempo todo é uma porcaria. Mas ela, a solidão, tem me incomodado. Com raras exceções, fico pouco à vontade para convidar alguém para fazer algo, sinto que não tenho intimidade o suficiente, dificilmente sei quando é um bom momento, há uma dificuldade em decifrar certos aspectos da convivência, acho que me falta um certo tato social. No fim, gosto dos programas mais monótonos, ficar conversando já é uma grande coisa, sempre descubro ou percebo algo interessante, parece impossível qualquer conversa não levar a nada, mesmo que seja um motivo para riso. Faz tempo que não fico sentado numa calçada jogando conversa fora, sem tempo ou preocupação para acabar, pensar nisso me leva a ter inveja de crianças que se divertem sozinhas com qualquer coisa e lembrar de velhos amigos da infância e adolescência.
  Devo desculpas a um monte de gente, pessoas que gostam de mim, mas que acabo tratando mal em momentos de loucura ou inconstância, provavelmente nunca lhes pedirei perdão, não sei se é por falta de vergonha na cara, mas também é algo difícil, às vezes nem consigo pedir um pão na padaria, embora esse lado tenha melhorado, também me surpreendo quando falo algumas coisas, mesmo sem jeito e de forma embaraçosa em algumas situações.
  Também percebo que tenho ficado cada vez mais chato, mas talvez isso passe, espero, senão as coisas ficarão mais desanimadoras. 
  Não sou de contar histórias felizes, a minha mesmo é um exemplo, as dramáticas me encantam mais, talvez seja identificação, mas reconheço que tenho tudo para melhorar, falta entender de onde vem tamanho desconforto, de onde brotam sentimentos confusos de forma tão constante, estou obstinadamente em busca de respostas, mas ainda não foram encontradas, tendo a pensar que nunca serão e essa possibilidade é maior, embora no fundo, mas lá no fundo mesmo, guarde a esperança de que haverá uma luz no fim do túnel, caso contrário já teria acabado com esta palhaçada toda. Mesmo assim vou vivendo.