Fiz este texto para a disciplina de Didática depois de assistir o filme. Recomendo o filme, aliás.
Uma
realidade escolar difícil não parece ser exclusividade do Brasil,
principalmente quando se trata de escola pública, embora o discurso vigente
seja o de valorização da educação por sua capacidade transformadora da
sociedade.
Entre
os Muros da Escola apresenta uma realidade que pode parecer estranha a muitos,
geralmente, os países desenvolvidos não são apresentados por seus problemas
internos, mas apenas por seus avanços, a desgraça nos parece como exclusividade
dos países pobres e periféricos.
Filmes
não podem ser encarados como a própria realidade, mas sim, uma representação da
mesma. Levando isso em consideração, Entre os Muros da Escola nos apresenta
quem constitui a escola pública da periferia em um grande centro, são os pobres
e imigrantes que tentam construir suas vidas na França, principalmente aqueles
estrangeiros de origem africana.
Embora
o aspecto multicultural que compõe a escola seja um prato cheio para se
discutir através do que foi apresentado no filme, me concentrarei neste pequeno
texto sobre outras especificidades, como a autoridade do professor e os limites
da punição.
Quem
tem mais força e maior autoridade dentro do colégio, em qualquer instância do
ensino, é o professor, geralmente ele decide como as coisas serão feitas,
coloca regras, impõe limites e é dele o discurso do vencedor sobre o que ocorre
dentro de uma sala de aula. Realmente, nos marcos de hoje, cabe pouco ao aluno
o que fazer, além, é claro, do medo de perseguição do professor contra qualquer
reclamação, são poucos que têm a ousadia de questionar a autoridade
professoral, mesmo quando o fazem, sempre vem a pergunta: o que você fez para o
professor reagir assim? Embora o aluno tenha direitos, o próprio acesso para
que tenha conhecimento não lhe é apresentado.
Outro
problema que uma instituição escolar pode enfrentar é o da bagunça,
desentendimentos e outros tipos de questões que até extrapolam os limites do
colégio. Quando alguém infringe uma regra vem a punição, conforme a
reincidência outras medidas são tomadas, dependendo da gravidade da infração o aluno
pode até ser expulso. Até onde a punição surte enfeito positivo? Até onde ela é
o melhor caminho? Ela realmente resolve as querelas mais diversas que podem
existir no espaço escolar? Se a punição não resolve, o que fazer? A premiação
poderia ser um caminho para aqueles que “seguem na linha” e aí criando um
exemplo para os “infratores”, seria interessante criar a classe dos premiados e
a dos não premiados?
Essas
são algumas questões e inquietações que o filme me trouxe para a reflexão, qual
seria o melhor modelo para a educação e seus problemas? Parece-me que as atuais
circunstâncias não são as mais favoráveis e interessantes, precisamos repensar
a escola.