quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Maringá, eu não vejo melhorar

  Neste fim de ano a prefeitura de Maringá exibe uma propaganda falando das melhorias na cidade, que foram construídas várias coisas, postos de saúde reformados e novos entregues, tudo sob o slogan: Maringá, a gente vê melhorar... ou algo assim.
  Mas o problema consiste justamente no fato de só vermos obras e mais obras, se bem que nem são tantas assim, se investe só naquilo que é bem visível, em prédios, estradas e afins, coisas que possam levar uma placa com o nome de diversos secretários, políticos e obviamente a gestão responsável por aquela bem feitoria.
  O mais curioso destas propagandas é que elas surgem, geralmente, em épocas próximas ao ano eleitoral- é pessoal! Ano que vem teremos eleições municipais, não se esqueçam deste pequeno detalhe, é preciso fazer campanha bem cedo, lembrar a todos as melhorias feitas na cidade por meio do dinheiro público antes que a lei eleitoral vete por conta da proximidade com a eleição.
  A prefeitura poderia se desculpar pelo que deixou de fazer também, seria justo, lembrar que faltam médicos, funcionários na área administrativa, lembrar que faltam enfermeiras, lembrar que equipes estão paradas por falta de condições de trabalho, enfim, isso obviamente seria suicídio e parece que a população não lembra do serviço imundo que recebe, mas lembra do prédio novo na esquina, também, é só isso que é lembrado pelas gestões governamentais.
  Quem conhece um pouco o que é e como funciona a estrutura municipal consegue perceber que Maringá não melhora tanto assim a cada ano, há muito a fazer, mas parece que os políticos não percebem e não conhecem direito sua própria cidade ou simplesmente fingem.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Primeiras impressões

  Passaram-se duas semanas desde que comecei a trabalhar em um posto de saúde na cidade de Maringá, lido com burocracia, seres humanos necessitados e histórias, muitas histórias, algumas coisas logo se tornam evidentes neste pequeno lapso de tempo e outras se delinearão com mais tempo.
  O mais óbvio é o perfil econômico das pessoas que procuram a unidade de saúde básica gratuita, aquelas que têm poucos recursos e dependem exclusivamente do sistema público de saúde, embora apareçam, de vez em quando, pessoas com receitas particulares tentando conseguir medicamentos.
  Percebi que o coração viverá apertado, vendo situações de extrema urgência e não podendo fazer nada além de encaminhar a pessoa a um especialista ou para um exame que levará meses para ser realizado, a burocracia que era para ser tão eficiente atrapalha muito o bom andamento do sistema de saúde, uma palavra escrita errada ou um pequeno detalhe esquecido num papel pode custar muito caro a quem tanto precisa, sente-se o peso do que realmente é responsabilidade, algo que pode custar a saúde de alguém, embora para quem está habituado ao que se passa lá pareça tudo mais simples, não que eles não se importem, mas parece que já viram o suficiente para seguir em frente com tranquilidade.
  No meio de tudo que ocorre no posto de saúde, nestes primeiros dias, o que me chamou a atenção foi a grande quantidade de jovens grávidas dando entrada no pré-natal, fazendo consultas com o ginecologista por conta da gravidez ou acompanhamento pós-parto, grande quantidade de crianças levando suas crianças recém nascidas para acompanhamento com o pediatra, sem contar os exames de gravidez que pedem para que se veja no sistema o resultado, obviamente aflitas, chegam a comemorar quando o resultado é negativo.
  As mais diversas estatísticas negativas parecem se concentrar no mesmo lugar, casos que dão a noção da realidade e o choque com o que é observado, as estatísticas vistas na realidade e não numa planilha são muito mais preocupantes e apavorantes, pois envolvem seres humanos e não números, muitos sentimentos se misturam, mas a indignação e a revolta com a sociedade trágica que construímos são os mais presentes. 
  Em suma, muitas experiências vêm por aí, pelo jeito só confirmarão e darão maior noção do que é a podridão da sociedade que construímos, que não consegue atender os mais necessitados, que trava a possibilidade de cura de alguém por conta de uma vírgula fora do lugar, porque sai mais caro ou a licitação não saiu a pessoa terá que sofrer, não se atende alguém porque as vagas são limitadas, pessoas madrugam para conseguir uma simples consulta, enfim, são muitos casos, muitas histórias preocupantes onde as chances de um final feliz são pequenas ou ele só virá depois de um longo processo.
  

sábado, 10 de dezembro de 2011

Minha Dama

Ela não é física, mas é constante em minha vida
A gente vai e volta
No fim, ela sempre me acompanha
Parece o meu lado mais negro e sombrio (talvez porque o seja)
Não tem nome nem sobrenome
Mas eu a conheço bem
Faz parecer tudo perdido
Me inferniza
Mas representa parte do que sou
Do que fizeram comigo
Mas é tão compreensiva
Ela só me incentiva
Vive dizendo: vai em frente
E eu resisto
Lá se foram muitos anos
Nada parece mudar
Qualquer problema e ela logo está ao meu lado
Ó grande companheira
Não vai me abandonar
Continuamos a vida insana
Só mais um remédio que não vai funcionar
Mas eu pretendo ficar
Para minha dama
Aquela que sempre me acompanha
Feliz a delirar
E insiste em continuar a pairar no ar
Não revelo identidade
Seria crueldade
Em nada iria ajudar
Até breve minha querida
Nunca é uma despedida
Eu sei que estará lá
Mais um texto sobre ti
Cuja identidade levarei
Ninguém precisa compartilhar
Este foi para te fazer passar