Aquele fundo de sala não será mais o mesmo.
Vai faltar alguém.
Uma pessoa singular, e não se trata da obviedade da constatação.
Alguém especial.
Alguém que ouvia.
Alguém que questionava.
Alguém que falava.
Uma estudante dedicada.
Eu prefiro ficar com a lembrança da sua marcante existência.
Até nisso preciso ser materialista.
Queria dizer "até semana que vem".
Mas dessa vez será um adeus.
Tchau, minha cara, tchau.
Você vive na minha memória.
Blog criado para refletir sobre as mais diversas temáticas. Quando possível, utilizando o bom humor, mas com o maior respeito possível.
segunda-feira, 24 de abril de 2017
quarta-feira, 1 de março de 2017
Porque saí da extrema esquerda.
Sempre fui bastante curioso, onde tive oportunidade de ver ou conhecer algo eu ia, mesmo que de forma tímida, só observando. Isso se reflete nos meus posicionamentos políticos, embora sempre dentro do que se poderia chamar de esquerda, dentro dela eu fui de uma posição mais reformista até o extremo, sonhando em construir uma sociedade não capitalista como objetivo último.
Comecei a me afastar da extrema esquerda em 2013 se não me engano, principalmente por perceber que ela se parecia com a extrema direita em alguns aspectos e isso me preocupou, vi que essa já não era a posição que contemplava politicamente. Acho que as semelhanças que vejo entre os extremos políticos estão em três pontos. O primeiro é o dogmatismo, enquanto a extrema direita se apega ferrenhamente a certas tradições como a religião, a extrema esquerda se apega a alguns pensadores e os transforma em deuses inquestionáveis. O segundo ponto é a crítica à democracia, o problema não é a crítica ao modelo representativo que temos, críticas sempre são bem-vindas eu acho, mas a tranquilidade em se falar sobre romper com o mínimo de democracia que temos ou dizer que dá no mesmo viver em ditadura ou democracia dentro do capitalismo, o que sempre achei bastante questionável. Sem contar a forma como organizam seus partidos, o discurso é democrático, as práticas nem tanto. O terceiro ponto é o elitismo, em geral sujeitos homogêneos, há pouca diversidade nas suas organizações no que diz respeito aos membros e também ao que trazem de debate, até porque, como disse, costumam ser dogmáticos e estreitos nas vivências que proporcionam onde militam.
Continuo considerando a extrema esquerda importante aliada na luta política, mas não consigo me ver nela pelo que citei, não são pontos conciliáveis, pelo menos não por ora, pois teria de me questionar menos sobre o que acredito ou não. Acho que posso aprender coisas com ela, por isso acompanho como posso o que andam fazendo as organizações de extrema esquerda, até porque têm membros muito inteligentes, bons pesquisadores, bons militantes.
Comecei a me afastar da extrema esquerda em 2013 se não me engano, principalmente por perceber que ela se parecia com a extrema direita em alguns aspectos e isso me preocupou, vi que essa já não era a posição que contemplava politicamente. Acho que as semelhanças que vejo entre os extremos políticos estão em três pontos. O primeiro é o dogmatismo, enquanto a extrema direita se apega ferrenhamente a certas tradições como a religião, a extrema esquerda se apega a alguns pensadores e os transforma em deuses inquestionáveis. O segundo ponto é a crítica à democracia, o problema não é a crítica ao modelo representativo que temos, críticas sempre são bem-vindas eu acho, mas a tranquilidade em se falar sobre romper com o mínimo de democracia que temos ou dizer que dá no mesmo viver em ditadura ou democracia dentro do capitalismo, o que sempre achei bastante questionável. Sem contar a forma como organizam seus partidos, o discurso é democrático, as práticas nem tanto. O terceiro ponto é o elitismo, em geral sujeitos homogêneos, há pouca diversidade nas suas organizações no que diz respeito aos membros e também ao que trazem de debate, até porque, como disse, costumam ser dogmáticos e estreitos nas vivências que proporcionam onde militam.
Continuo considerando a extrema esquerda importante aliada na luta política, mas não consigo me ver nela pelo que citei, não são pontos conciliáveis, pelo menos não por ora, pois teria de me questionar menos sobre o que acredito ou não. Acho que posso aprender coisas com ela, por isso acompanho como posso o que andam fazendo as organizações de extrema esquerda, até porque têm membros muito inteligentes, bons pesquisadores, bons militantes.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
Política e internet: uma observação sobre discursos.
Alguns grupos são considerados inadequados pra participar da política porque não dominam o discurso "racional", ou seja, não dominam a língua formal cobrada nas instituições escolares, são mais emotivos em suas falas, não comedidos. A defesa desse tipo de ideia é eliminar do espaço público a maior parte da população, eliminar mulheres porque são vistas como sentimentais, eliminar a população pobre que não tem alta escolaridade. A decisões ficam nas mãos de poucos que constituem um grupo mais homogêneo.
Olhando as discussões de internet é fácil perceber como isso se reproduz, os comentários mais bem escritos do ponto de vista da língua formal, mais "moderados", vistos como equilibrados, tendem a ser melhor recebidos e até usados para defender o seu escritor e suas virtudes por isso, de forma resumida visto como alguém decente, bom sujeito. Por outro lado, quem escreve com erros, em um tom tido como mais agressivo, acaba por ser ridicularizado, tem seus argumentos diminuídos por esses fatores, ou seja, se não domina o discurso racional, não é visto como digno de estar ali de alguma forma ou não merece ser ouvido, como diriam alguns: "daí perde a razão, né"?
Nesses pequenos detalhes podemos perceber de que lado cada um está, se quer incluir ou excluir pessoas da política, do espaço público. Quem é mais ou menos democrático para além da retórica oficial, observando o que está nas entrelinhas.
Olhando as discussões de internet é fácil perceber como isso se reproduz, os comentários mais bem escritos do ponto de vista da língua formal, mais "moderados", vistos como equilibrados, tendem a ser melhor recebidos e até usados para defender o seu escritor e suas virtudes por isso, de forma resumida visto como alguém decente, bom sujeito. Por outro lado, quem escreve com erros, em um tom tido como mais agressivo, acaba por ser ridicularizado, tem seus argumentos diminuídos por esses fatores, ou seja, se não domina o discurso racional, não é visto como digno de estar ali de alguma forma ou não merece ser ouvido, como diriam alguns: "daí perde a razão, né"?
Nesses pequenos detalhes podemos perceber de que lado cada um está, se quer incluir ou excluir pessoas da política, do espaço público. Quem é mais ou menos democrático para além da retórica oficial, observando o que está nas entrelinhas.
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