Após mais um fim de semana catastrófico me pego sentado numa calçada, bebendo água, no meio da tarde conversando com um amigo e pensando na vida. Dentre esses questionamentos eu me perguntei o que é ser adulto? Algo que eu não sinto, embora seja visto socialmente como um e cobrado por ter comportamentos esperados para tal condição.
Bom, podemos considerar um aspecto de idade, ser maior de dezoito anos, por exemplo; talvez uma questão psicológica, como alguém maduro, consciente e capaz de certas responsabilidades da vida; pode ser um critério biológico de uma etapa de desenvolvimento da vida; pode ser um aspecto social como a possibilidade de fazer coisas proibidas a outros sujeitos, tais como casar, trabalhar, morar sozinho.
Seja qual for a visão adotada, não consigo me associar a nenhuma. Estudo, tenho emprego, pago minhas contas, consigo discernir o certo do errado, cumpro com minhas obrigações (e é raro alguém que possa dizer que descumpri um acordo ou a palavra empenhada), desde criança sempre tive comportamentos considerados bastante responsáveis, mas enfim, nada me traz uma identificação com o mundo adulto. Nesse caso, o que fazer quando a expectativa social não corresponde à minha identidade? Eu só consigo me sentir deslocado.
No que dependesse de mim, só leria e correria, nada mais que isso, sem nenhuma outra responsabilidade, até porque todo o resto que faço não vejo muito sentido, fico me perguntando para quê o desgaste? Talvez seja o que uma amiga me falou: -"você não odeia a sua vida, você odeia o capitalismo". Mas não sei, meu desconforto existencial me acompanha desde a infância, desde sempre, desde que tenho memória.
Não encontro respostas satisfatórias para tais questões, acho que estou distante de resolver meus conflitos identitários, nesse caminho só alimento ansiedades e vícios para esquecer dos dilemas, num caminho que pode ser bastante perigoso, que me levou para mais uma calçada e preocupou pessoas queridas. Em síntese, como diria a música da banda Vespas Mandarinas, "eu não sei o que fazer comigo".
Blog criado para refletir sobre as mais diversas temáticas. Quando possível, utilizando o bom humor, mas com o maior respeito possível.
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
Sobre Inadequação social
Inadequação social é se sentir desconfortável com todo mundo, estranho, como se fosse algo inacabado ou fora do lugar. Não falar muito por não saber o que falar, não dar continuidade aos diálogos, ter de forçar algo que não lhe é natural, normal.
Sentir que mais incomodo do que ajudo. Se perceber pouco ou nada interessante, indiferente em qualquer lugar ou situação. Ter a percepção de que está atrapalhando se puxar assunto ou em qualquer outra ação. Se não te responderem, negarem, adiarem, significa confirmar que você não nasceu para viver em sociedade.
Pode ser um sentimento ambíguo de querer estar e, ao mesmo tempo, não querer mais estar com os outros. De repente você se sente deslocado, inapropriado, sentindo que não lhe querem por ali. Se sentir evitado, rejeitado, desnecessário.
Um infinito sentimento de incompletude, desconforto por se sentir suplicando uma atenção e então é melhor deixar pra lá. Se sentir isolado e incomodado com isso, mas sem conseguir resolver, sem poder confiar, sem segurança para se abrir ou arriscar. Encontrando uma solução temporária no álcool, por exemplo. Em tese você pode até saber o que fazer, mas ter consciência de algo não implica em ação ou domínio de prática, até porque essa realidade pode estar distorcida, idealizada em relação ao que é para os outros por conta de sua debilidade social, acarretando uma perspectiva sempre negativa do que fez ou faz.
É se sentir um eterno estorvo para você e para os outros, um chato que assim justifica sua solidão. Algo desnecessário. Insignificante por, aparentemente, não conseguir sentir nem retribuir.
Em síntese: eterna insegurança, desconforto, isolamento e sentimento de abandono em relação aos outros.
Assinar:
Postagens (Atom)