sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Se deuses existissem, ele preferiria a companhia dos demônios.

  Poderiam ser as palavras de despedida, as últimas de uma triste existência, mais um rascunho de um adeus planejado. Mas o que lhe falta é coragem, no fundo uma ponta de esperança que as coisas podem melhorar antes de voltarem a piorar para aí aguentar e continuar.
  Talvez a música lhe salve, pois a desconfiança na existência humana parece incorrigível. Nenhum deus pode resolver ou ajudar na sua situação, até porque se esses seres mitológicos existissem, ele preferiria o inferno, sem dúvida a companhia do demônio. Ele adora um pecado.
  Não cabe julgar, não sabemos se é possível ajudar. Não sabemos como ajudar. Impotência. Só nos resta assistir a autodestruição, nem assim ele tem conseguido colocar um fim, apenas prorrogando a dor. Tomara que não fira mais alguém nesse caminho para o fim.
  Ele acha que não é capaz de amar, e não falo apenas em sentido carnal. Ele disse outro dia que simplesmente não sente. Que lástima. Incerteza.
  Acho que nunca houve um dia de paz. O caos é o seu caminho. Assim seguirá, pelo menos enquanto suportar. Enquanto a ponta de esperança por dias melhores o manter na existência. Por monentos que ainda lhe são significativos, ele vai persistir. Até que tenha coragem do ato fatal.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Não há tempo para ter tempo

Não tenho tempo...
Para dormir como gostaria
De ler aquele livro
Que me indicaram outro dia

Não tenho tempo...
De ouvir
Uma música que seja
Até a próxima peleja

Não tenho tempo...
Me sobra distância
Já não tenho esperança
De encontrar velhos conhecidos, pessoas queridas

Não tenho tempo...
Mas tenho necessidades
Vivendo pra sustentar
Um estilo que não quero

Não tenho tempo...
Tudo é postergado
Até que um dia
Não possa mais

Não tenho tempo
Uma certeza
Que a existência acabará
Incompleta...

Pela falta de tempo.