domingo, 16 de novembro de 2014

Perdão pela falta de noção

  Os que me conhecem sabem da imensa dificuldade de socialização que tenho, junto do pacote vem a falta de noção dos mecanismos de funcionamento do "jogo de socializar": entender ou dominar a capacidade de compreender gestos, olhares e as entrelinhas das falas correspondendo a uma ação ou significado convencionalmente esperado.
  Sim, eu faço o curso de Ciências Sociais, mas isso não quer dizer que domino os esquemas da socialização, fiz uma disciplina de fenomenologia, mas isso não me deu habilidades sociais, apenas apreendi conteúdos que não coloco perfeitamente em prática. Além do mais, dentro do curso o que me interessa pesquisar/estudar não envolve diretamente observação de interação social ou, ainda assim, eu não precisei ser sociável (digamos assim) para desenvolver trabalhos.  
  Dado o que relatei, acabo não percebendo detalhes óbvios aos "normais" nas interações sociais, me escapam subjetividades não ditas literalmente. Eu percebo algumas sutilezas, mas demoro mais do que seria o regular e padrão.
  Assim sendo, quando passo por alguém que conheço e não paro para conversar, isso não quer dizer menosprezo ou algo do tipo, apenas não captei que deveria ter parado e dado atenção; se deixei de cumprimentar, não foi porque não quis, mas porque não entendi a necessidade; se não segui o olhar foi porque não me pareceu uma mensagem.
  Seria muito melhor para mim se a sociabilidade fosse mais direta e literal, se quer que eu faça algo me peça ou escreva, esperar que eu entenda o que está por trás pode demorar. Aliás, não hesitem em falar "na lata" o que querem, funciona melhor para pessoas como eu. 
  Falando em dizer as coisas "na lata", eu acabo sendo visto como grosseiro por falar muitas coisas para as pessoas, mas é justamente a minha falta de noção na ação social que me leva a ser direto e falar o que não deveria ou dizer de maneira que pareça ofensiva, este aspecto também tem a ver com meu pragmatismo e objetivismo, além de ser um sujeito mais introspectivo e falar em público ou com poucas pessoas com dificuldade (ao menos no início das conversas).
  Hoje, assim como em vários outros momentos ao longo da minha vida, dei uma "bola fora" em matéria de socialização, fui alertado sobre isso e resolvi escrever este texto, pois assim como tenho dificuldades com os meandros da sociabilidade, acho que os sociáveis não compreendem os mecanismos dos não sociáveis (ou que têm alguma dificuldade com a vida social). Espero que esclareça alguma coisa.
  Se com o meu jeito assustei, ofendi, causei constrangimento, deixei falando sozinho ou coisa do tipo, em geral, saibam que não foi de propósito e peço desculpas pela falta de noção. Acho que já melhorei bastante este meu lado, mas ainda há muito o que fazer, sei lá se chegarei na plenitude das habilidades sociais, mas não hesitem em me chamar a atenção, falar ou pedir, sempre aprendo com conselhos e observações dos outros que são normais.
 

segunda-feira, 17 de março de 2014

1964 nunca mais!

Os direitistas defensores do capitalismo, da família, dos "bons costumes" e da propriedade privada dos meios de produção não percebem o quanto seu discurso é contraditório e fica ainda mais notório isso com a defesa do GOLPE militar de 1964 no Brasil, sem contar tantos outros que ocorreram na América Latina e outros países. A contradição é que eles querem garantir seus direitos, suas liberdades privando os outros de direitos e liberdades (sejam elas religiosas, políticas, sobre o próprio corpo, etc.). Vivem numa realidade paralela, achando que vivem numa ditadura da esquerda, mas não percebem que podem defender seus ideais, frequentar suas igrejas e constituir suas famílias, ainda por cima, não percebem o mal que fazem a minorias, já que se impõem pela maioria, portanto, limitando os direitos alheios . Não existe defesa da liberdade com ditadura, se defende a liberdade com democracia. Ao que tudo indica, ser de direita é não saber viver com a diferença, com a democracia, com o respeito ao próximo (tão difundido mas pouco praticado). Mas lembrem-se conservadores, a burguesia já foi progressista quando defendeu a democracia contra o absolutismo, ou seja, hoje vocês estão regredindo dentro do seu próprio campo querendo fazer a roda da história girar para trás rumo à ditadura.